sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Enfin, Chablis!!

Depois de quase 24 horas de viagem, nous sommes arrivés à Chablis! E eis nosso anfitrião:


A princípio, o restaurante da Hostellerie des Clos fechava às 21hs, mas já era quase 21h30 e nos acolheram, famintos e cansados...

Sobre o vinho:

Chablis Grand Cru Vaudésir 2007, 
Domaine Christian Moreau Pére & Fils.

O Domaine está entre os melhores de Chablis, mas a safra 2007 de Vaudésir parece não ter sido muito boa em termos de acidez. Para mim, pareceu simplesmente perfeita!

Aromas minerais, florais e de amêndoas.  Em boca, ainda mais surpreendente, redondo e untuoso.  Equilibrado e com boa persistência.  O André finalmente entendeu o que sempre quis dizer sobre os Chardonnays de Chablis...

Para harmonizar com o vinho, o Menu Tradition oferecido pelo Chef, com entrada de creme de abóbora com trufas e truta salmonada como prato principal.


O menu todo se casou perfeitamente com o vinho ou seria o contrário?  Whatever. Para mim, a harmonização perfeita se daria apenas com um bom livro e uma boa poltrona...

Por fim, o chef preparou uma sobremesa especial, sem lactose, praticamente uma outra refeição: frutas vermelhas, figo, maracujá, grapefruit, abacaxi, tangerina e outras (mais parecia um kit de aromas de vinhos!)


A viagem só está começando. Salut!!

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Um grande Malbec

Ontem vagamos mais um espaço em nossa adega. O escolhido foi o Tomero Gran Reserva Malbec 2007, o top da vinícola Vistalba, juntamente com o Vistalba Corte A.  Compramos durante nossa visita à vinícola em julho e pagamos cerca de R$ 100,00.  No Brasil, parece estar mais de R$ 200,00 (yay!).

Entrada da Vinícola Vistalba (no inverno)

A Vistalba foi uma excelente surpresa.  Na verdade, não consegui marcar uma visita à Pulenta Estate (era feriado na cidade) e me deparei com Carlos Pulenta.

Na vinícola, há uma pousada com apenas dois quartos e um restaurante que só abre para almoços. Elemento de inveja: a adega pessoal do Senhor Carlos Pulenta (vi algumas garrafas muito interessantes por lá!).  A visita foi rápida, mas pudemos degustar todos os seus vinhos em um almoço harmonizado no fantástico restaurante La Bourgogne (acho que uma das melhores refeições da viagem!).

Sala de Degustação da Vinícola com amostra do solo
Sobre o vinho:
Tomero é uma homenagem de Carlos Pulenta ao trabalhor responsável pela distribuição de água naqueles vinhedos onde a irrigação é permitida.
Trata-se de um varietal, proveniente dos vinhedos da Finca Los Álamos, localizada no Valle de Uco.
Envelhecimento: 19 meses em barricas de carvalho francês e guardado a 12° por 12 meses antes de ser comercializado
Álcool: 14,6°
Notas do Produtor:
Vermelho profundo com reflexos negros, aromas que aparecem lentamente, com notas de especiarias que se desenvolvem para frutas vermelhas e negras em compota.  Em boca, elegante, com entrada doce, grande estrutura, equilíbrio e persistência, com taninos robustos, mas com a característica redondez de um bom Malbec.


Meus comentários:
Com uma cor maravilhosa, o vinho é realmente tudo o que o produtor diz e mais um pouco.  Aromas de couro, baunilha, caramelo.  Final longo e doce.  Bom corpo e redondo.  Para o André, um dos melhores Malbec que já provou!

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

A Terra do Rosé e seus Tintos Premiados

Então comecei a estudar a Provence.  E, como tudo na França, diversas Denominações de Origem e a importância de se conhecer o produtor.  É, dá uma preguiiiiça...  Mas compensa!!

E quem diria que a terra dos rosés produz vinhos tintos que agradam ao paladar exigente e encorpado de Robert Parker? (ok, ok, pode ser que só eu não sabia disso!).  Enfim, entre agradáveis e surpreendentes rosés secos e frutados, tivemos o prazer de degustar alguns tintos que merecem destaque.  Entre eles, o Domaine de Trévallon:






Trata-se de um corte de Syrah e Cabernet Sauvignon, um vinho para mais de 10 anos de guarda.  Dizem ser o melhor da Provence.  Encorpado, complexo, redondo. Aromas de frutas vermelhas, herbáceo e apimentado, muita azeitona. No Brasil, está por volta de R$ 300,00 (acho bem caro já que há outros tão bom quanto por menos da metade do preço).

Foi em 1982 que Robert Parker tornou o vinho conhecido mundialmente e foi em 1993 que o Domaine foi desqualificado como AOC Coteaux des Baux en Provence por utilizar mais de 20% de Cabernet Sauvignon em seus vinhos e se tornou um Vin de Pays.

Na Provence, existem 15 tipos de Vin de Pays entre regionais, departamentais ou ligados a uma zona histórico-geográfica, todos devidamente regulamentados.  O Domaine de Trévallon é um Vin de Pays des Bouches-du-Rhône (departamental), lá perto de Avignon.  E o rótulo, diferenciado, é um trabalho de René Dürrbach, pai do proprietário Eloi Dürrbach. Falecido em 2000, aos 89 anos, René Dürrbach, pintor e escultor, foi amigo de ninguém menos que Pablo Picasso. Será que o rótulo te diz alguma coisa?


domingo, 16 de outubro de 2011

Duelo de Tempranillos

Hoje foi dia de Tempranillo.  Um típico espanhol e um surpreendente argentino.

A Tempranillo se destaca por notas de tabaco, pimenta e couro. É a uva mais famosa da Espanha, especialmente em Ribera del Duero, e conhecida por diversos outros nomes: Ull de Llebre, na Cataluña, Tinta Roriz no Douro e Aragonês no Alentejo.

Os vinhos:

Sabor Real Viñas Centenarias 2007
Produtor: Bodegas Campinã
Região: D.O. Toro
Álcool: 14%
Envelhecimento: 10 meses em barricas de carvalho francês e americano, alguns novos
Guarda: 10 anos
Importador: Grand Cru
Preço: R$ 49,00

Notas do Importador:
Aromas bastante expressivos. Na boca, rico, amadurecido e sério. Excelente concentração, final longo.  Vinho equilibrado, potente e aromático.
Sugestão de harmonização: lombo de cordeiro com arroz negro.



Escorihuela Gascón 2009
Produtor: Escorihuela Gascón
Região: Mendoza
Álcool: 13,4%
Envelhecimento: 4 meses em barricas de carvalho
Guarda: 5 anos
Importador: Grand Cru
Preço: R$ 29,00

Notas do Importador:
Aromas de frutos vermelhos maduros. Intenso, com boa concentração na boca.
Sugestão de harmonização: Pizza com presunto cru, aceita combinações variadas.


Meus comentários:
O primeiro vinho é mais aromático e mais complexo.  Mas o segundo me agradou mais em boca, mais macio.
Viñas Centenarias: 91 pontos Robert Parker.  Leve notas de madeira, final persistente e frutado.
Escorihuela: aromas de frutas vermelhas, chocolate, notas defumadas, boa persistência e final adocicado.
Pela diferença de preços, o segundo, com certeza, apresenta um custo/benefício ainda melhor.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Vinhos do Final de Semana

Já falei aqui sobre o vinho de sexta.  Hoje então vou falar sobre o vinho de sábado e o vinho de domingo (ok, ok, essa semana vou pegar mais leve!).

Vinho de Sábado:

TRAPICHE GRAN MEDALLA CHARDONNAY 2007
A Trapiche é uma das vinícolas centenárias da região de Mendoza. Foi fundada em 1883 por Tiburcio Benegas, que, vindo de Rosário, adquiriu sua primeira propriedade no departamento de Godoy Cruz, zona El Trapiche.

Benegas pôs ênfase, desde suas origens, na tradição vitivinícola da França, trazendo da Europa novas vides, comprovando sua adaptação e experimentando com diferentes sistemas de fermentação e refrigeração. Passou, assim, a se destacar ao amadurecer vinhos em pequenos barris de carvalho.

No ano de 1972 a empresa passou para as mãos da família Pulenta, instalada em Mendoza desde 1902. A partir de então, à filosofia original somou-se um investimento com a mais moderna tecnologia europeia.

A Trapiche foi, portanto, pioneira na inovação tecnológica e no mercado externo em uma época em que os vinhos argentinos ainda não eram conhecidos internacionalmente.

Em 2002, a vinícola passou para o controle do fundo de investimentos norte-americano Donaldson, Lufkin & Jenrette. E, em 2010, voltou para mãos argentinas. A família de ex-proprietários da cervejaria Quilmes, de certo cansados de não ter mais o que fazer com todo o dinheiro que receberam da Ambev, compraram a Trapiche (e viva a internacionalização!).

Sobre o vinho:
O Gran Medalla é um dos vinhos premium da Trapiche.  Acima dele, para os tintos, ainda existem o Iscay, o Single Vineyard e o Manos.  Para brancos, me parece ser o top de linha.  Provamos durante a visita à vinícola em julho, gostamos e pagamos cerca de R$ 90,00 pela garrafa.  Na Trapiche, a fermentação de todos os vinhos (se me lembro bem) ocorre em tanques de concreto revestidos de pintura époxi e esse Chardonnay depois passa por carvalho.




Notas do produtor:
Cor amarela dourada, com reflexos âmbar, aromas de flor de laranjeira e pêra, notas sutis de mel e avelãs.  Em boca, apresenta todo seu esplendor com sabor de frutas brancas.  Sua acidez equilibrada o transforma em um vinho de agradável e longa persistência.
Harmonização: ampla personalidae para pratos de grande estrutura. Cozinha oriental, pescados, mariscos e pequenas caças.

Meus comentários:
Dourado brilhante, bastante aromático, aromas de pêssego, flores (não conheço a de laranjeira), mel e amêndoas (nem um pouco sutis na minha percepção).  Em boca, muito agradável, equilibrado, untuoso.
Tentamos harmonizar com comida japonesa.  Até que foi bem com os sushis, mas a madeira brigou um pouco com os sashimis e outros pratos.

Vinho de Domingo:

DOMAINES BARONS DE ROTSCHILD (LAFITE) LÉGENDE BORDEAUX ROUGE 2009
O André escolheu esse vinho para nosso almoço domingo no Toujours Bistrot.  Tenho algumas restrições em pedir vinhos franceses em restaurantes porque sempre são muito caros e, aqueles que consigo pagar, não me agradam tanto.  Mas tendo a chancela do Chateau Lafite Rotschild, porque não arriscar?  No restaurante, saiu por R$ 93,00.  Na Vinci, parece estar por volta de R$ 60,00.

Sobre o vinho:
Uvas: Cabernet Sauvignon, Merlot, Cabernet Franc
Envelhecimento: 40% passa 9 meses em barrica de carvalho 
Guarda: 5 a 10 anos 


Notas do produtor:
Sedutor e aromático, dominado por notas de tostado e madeira (baunilha, coco). Em boca, encorpado e estruturado, com taninos firmes e maduros, final longo e apimentado.
Trata-se de um vinho leve, para o dia a dia. Segundo o produtor, a Cabernet Sauvignon garante a elegância e o estilo clássico da maison, conferindo charme e maciez.

Meus comentários:
Cor vermelha rubi, aromas de frutas vermelhas maduras e notas de madeira. Em boca, encorpado, redondo, apimentado.  Boa relação custo/beneficio se comprado nas importadoras.











domingo, 9 de outubro de 2011

Saca-rolha de champanhe

Hoje, dando uma bisbilhotada em novos acessórios para vinhos, me deparei com uma novidade que ainda não conhecia: o saca-rolha para champanhe!  

Pode parecer besteira, mas as pessoas subestimam o risco de uma rolha errática pelos ares. A pressão interna nas garrafas de espumante varia de 5 a 6 atmosferas, suficiente para fazer as garrafas explodirem (como acontecia com Don Pérignon).  Mesmo sabendo que hoje as fábricas garantem até sete vezes a pressão do espumante, ou seja, aproximadamente 35 atmosferas de pressão, é bom ter cuidado. E não, não adianta dizer que você é um exímio abridor de garrafas, a temperatura e até condições de armazenamento podem trazer desagradáveis surpresas.

Para exemplificar, consultei meus livros de física, fiz alguns cálculos, confirmei com o oráculo e: 
Considerando a pressão interna: 6 atmosferas;
o comprimento da rolha dentro da garrafa: 25 mm;
o raio da rolha: 9 mm;
a massa da rolha: 7,5 g, e
o ângulo de inclinação da garrafa: 45°,
pode-se estimar uma velocidade de ejeção da rolha de aproximadamente 20 m/s ou seja 70 km/h!! E um alcance de 40 metros.  Suficiente para cegar alguém ou mandá-lo para o hospital...

Diante disso e lembrando meu irmão que diz para nos perguntarmos, ao compar um gadget, "como isto pode melhorar a minha vida?", o valor, que varia de R$ 93,00 a R$ 180,00 (aferido em consultas pela internet), parece irrisório!




O produto, patenteado pela Screwpull, recebeu o nome de The Champ e basta fixá-lo na rolha de champagne depois de tirar o lacre de segurança e girar a garrafa no sentido anti-horário. A rolha da champagne irá subir pelas trilhas internas do abridor e estourar. A rolha ficará presa na área de segurança do The Champ.

Enquanto você não compra o seu, atente-se para alguns cuidados que se deve ter ao abrir uma garrafa de champanhe ou espumante.  Um dos principais diz respeito à temperatura de serviço, entre 6°C e 8°C (ou seja, a taça deve embaçar com a condensação da umidade), dizem que a baixa temperatura ocasiona o lento desprendimento do gás tornando-o menos agressivo. 

Mas lembre-se de resfriar a garrafa em um balde com água e gelo e não no congelador pois o congelamento da rolha causará problemas na abertura do espumante (experiência própria).  Além disso, a rolha pode ressecar permitindo a saída de gás carbônico.  A cada dez minutos em contato com água e gelo, a temperatura do espumante se reduz em 4°C.  Dizem também que a temperatura certa serve para que a acidez da bebida seja inibida na boca, deixando seu sabor ainda mais agradável, vale a espera! 

Outro cuidado importante é observar ao redor e avaliar os riscos caso a rolha escape...

Após a retirada da cápsula superior e da gaiola de arame, a rolha vai começar a sair impulsionada pela pressão, controle para que sua saída seja suave, evitando que se perca gás (e líquido, o mais importante!).  Assim, o espumante manterá suas características até o final.  Ao servir a bebida, incline a taça para controlar a formação de espuma e coloque uma pequena quantidade para não transbordar, seria um desperdício!

Enjoy it!

sábado, 8 de outubro de 2011

Catena, sempre.

Ontem foi dia de Catena Zapata, mais uma vez.  Mais uma vez na minha vida, não no blog.  Tenho uma tendência a escolher vinhos desse produtor, pode parecer óbvio, mas é garantia de boa qualidade.

Sexta-feira, chegando em casa às 21hs, morrendo de fome, mereço um vinho (é, na Europa, vinho é considerado alimento).  O escolhido foi o Angelica Zapata Cabernet Franc 2004, comprado em Mendoza, por cerca de R$ 70,00, durante nossa visita à vinícola em julho passado.


A história da Catena Zapata começou em 1898 com Nicola Catena, imigrante italiano que plantou seu primeiro vinhedo de Malbec em Mendoza, em 1902. Atualmente, a vinícola é conduzida por Nicolás, seu neto, filho de Domingo Vicente (o D.V. Catena) com ninguém menos que Angélica Zapata, a homenageada da noite.

Os vinhos top da vinícola são o Nicolas Catena Zapata e o Malbec Argentino, mais alguns single vineyards que, claro, ainda não provei...  Há também a joint venture com Rothschild (Lafite) na elegante vinícola Caro e as vinícolas boutique da família: Luca, de sua filha Laura, e Tikal/Tahuan/Alma Negra, de Ernesto, com vinhos também bem reconhecidos.

Catena Zapata, Mendoza
Sala de Degustação para gente importante na Catena Zapata

Sobre o vinho:
Produtor: Catena Zapata
Safra: 2004
Varietal: Cabernet Franc
Álcool: 14%
Vinhedos: La Pirámide e La Consulta
Região: Mendoza
Envelhecimento: 18 meses em barricas, 85% francesas, das quais 50% novas e 15% de carvalho americano, das quais 25% novas.
Guarda: 15 anos



A Cabernet Franc produz vinhos leves e amadurece mais rapidamente, sendo mais resistente a invernos rigorosos.  É geralmente cortada com Merlot em St. Emilion e, no Médoc, como uma garantia caso a Cabernet Sauvignon não atinja seu perfeito amadurecimento.

Notas do Produtor:
Cor vermelha rubi, com reflexos violáceos. Nariz intenso, com aromas de groselha e traços de especiarias e baunilha.  Em boca, frutos vermelhos maduros, com toques de eucalipto e pimenta preta.  Elegante e equilibrado, com final prolongado.

Depois de escolhido o vinho é que vou pensar no que comer, e assim tem funcionado minhas harmonizações:  o prato para o vinho e não o vinho para o prato!  Diante do avançado da hora, da urgência da fome e do vazio da geladeira, optamos por pizza: Portuguesa tradicional e Basílica, da Valentina Pizzaria.

Meus comentários:
Aromas de groselha, baunilha e herbáceos, mas já vi outros mais intensos. Mais surpreendente em boca que no nariz. Vinho redondíssimo, taninos macios, apimentado (tenho medo de como estaria se tivesse conseguido esperar mais alguns anos para abri-lo!).  Para o André, aroma de fumo de baunilha para cachimbo (??).

Sobre a harmonização: deu muito certo com a pizza Portuguesa e o toque especial de azeite de alecrim.  Com a Basílica, achei que os tomatinhos iriam atrapalhar, mas não estavam ácidos e o pesto funcionou bem para equilibrar o conjunto.  Sugestão diferenciada, podem experimentar!

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Sexo e Vinho, por Rogério Glass

Se há algo em que se percebe a harmonização perfeita no mundo enológico é a combinação sexo e vinho. Pense bem, quantas vezes na sua vida depois do vinho veio o sexo e você reclamou? “Raríssimas vezes” é o máximo que se pode dizer. Non è vero, Baco? Não és verdade, Periquita?

Certamente, após uma tertúlia com os amigos na qual os vinhos até então decepcionaram, ou seja, não apresentaram aquele esplendor de buquês, estavam ácidos demais ou com taninos chochos, o que está por vir se encaixa. A extensão da noite iniciada com um beijo rubro a la merlot incendeia o álcool no retrogosto, revitaliza o aroma agora com toques picantes e, por fim,  a acidez desce ao ponto exato cintura abaixo.

À mesa, em um bar ou restaurante, quando você pergunta a um novo affair o que vão beber e a resposta vem inebriada com um falso ingênuo sorriso rosé: “acho que vou querer vinho...”    T a n n a t  ! ! !   Já harmonizou, não importa o que vão comer, ou quem vai comer quem. Peça um prato leve que a noite vai exigir refrão.

Até aquele chileno reservado carmenére ou um cabernet pampeano, desabonados honestos, se revelam um Marques de Casa Concha ou um Lote 43 num domingo à tarde sem pretensões, basta o sol bater na inclinação correta adentrando a janela com cortinas e pernas tremulantes, exalando os açúcares florais de uma bela casta autóctone com toques manuais minerais de sua companhia de safra excepcional.

E quem disse que o espumante é excelente para iniciar a noite? Pode até ser, mas para terminá-la também o é. Imagine que ao entrarem no quarto e após se lançarem numa degustação horizontal repleta de sussurros amanteigados, de tremores de damasco e de rangeres de cama amadeirados e com um final Bordeaux Premier Grand Cru, você relaxa e busca, estendendo o braço, aquele Crémant démi-sec na temperatura ideal... Não haverá nada mais refrescante e que preencha tanto aquele momento do que o estrelar das bolhas no céu da boca.

P.S.: Baco é o deus do vinho, da ebriedade, dos excessos, especialmente sexuais, e da natureza. As festas em sua homenagem eram chamadas de bacanais.
P.S.2: Bacana, não?

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Maria Mansa 2004

Esta semana, minha mãe, minha irmã e algumas tias estão desbravando Portugal (ok, tio Solino e meu primo Otto também estão por lá, mas alguma coisa tipo "girls' time out" soaria muito mais interessante!).  Ontem recebi uma foto delas degustando vinhos em Vila Nova de Gaia, no Douro e, depois de controlada minha invejinha, me lembrei de um vinho delicioso, daquela região, que provei mês passado.

Antes do vinho, um pouco sobre a DOC. Como devem saber, o Douro é considerado patrimônio da humanidade na categoria paisagem cultural desde 2001 e seu nome se deve ao rio do mesmo nome, cuja nascente está na Espanha (lá na região de Ribera del Duero, uma das queridinhas de Robert Parker).  Depois de séculos vivendo do prestígio do Porto, em 1952, foi lançado o Barca Velha, com o qual se percebeu ser possível fazer grandes vinhos de mesa na região.

Sobre o vinho:
Maria Mansa 2004
Produtor: Quinta do Noval
Região: Douro
Variedade: 40% Touriga Francesa, 30% Touriga Nacional, 30% Tinta Roriz
Álcool: 14%
Envelhecimento: 12 meses em barricas de carvalho francês
Guarda: 7 anos
Importador: Grand Cru Preço: R$ 59,00



Notas de Degustação e Harmonização do Importador:
Aromas intensos e frutados. Na boca, aveludado, equilibrado, estruturado e elegante
Acompanha bem pernil de porco e acompanhamentos da cozinha mineira

Meus Comentários:
Bastante equilibrado, taninos macios, elegante, aromas de frutas maduras e final prolongado.  Gostei bastante!

domingo, 2 de outubro de 2011

Bodega Bouza

Finalmente consegui visitar uma vinícola.  A escolhida foi a Bodega Bouza. Me disseram que era a mais próxima do centro de Montevidéu, então daria tempo.  O trajeto levou cerca de 40 minutos e tive um atendimento exclusivo.  Me senti uma importadora sendo paparicada por potenciais fornecedores!  Na verdade, esclareço, foi porque só havia eu para a visita...

Bom, é uma vinícola boutique, familiar e recente.  Seu primeiro vinhedo é de 2001, seu primeiro vinho de 2003. Tem apenas 23 hectares e uma produção de 90 a 100 mil garrafas/ano.  Quase todos os vinhos passam por barrica (francesas e americanas) entre 4 e 18 meses, inclusive os brancos.  As barricas são utilizadas apenas 3 vezes e então vendidas para quem tiver interesse (taí a dica para quem quiser uma barrica decorando a sala!).


Em um piso abaixo da cava, os proprietários mantêm uma vinoteca.  40 garrafas de cada vinho produzido são sempre reservadas para formarem o arquivo e permitir avaliações futuras sobre a evolução dos vinhos. A visita inclui ainda uma passadinha pelo museu de automóveis clássicos, um hobby do proprietário.

Vinoteca
Coleção de carros antigos

Após a visita, fui para a degustação no restaurante da vinícola. Charmoso e aconchegante, vale a visita - aberto apenas para almoço.   


Degustei 5 vinhos acompanhados de frios e pães.  Achei o máximo, pena que tinha acabado de comer e estava lá sozinha.  Com o sommelier ao meu lado me observando, não me senti à vontade para ficar lá a tarde toda degustando os vinhos e os petiscos com calma...  Ah, devo dizer que essa mordomia de se ter comidinhas durante a degustação se deve ao fato de que me custou US$ 25. 


Sou bastante suscetível a visitas a produtores, geralmente me encantam e me convencem que fazem o melhor vinho do mundo.  Ao final da visita, já na degustação, com o pouco de racionalidade que ainda me resta, consigo comprovar ou não minhas impressões.  A meu favor e para salvar minha promissora “carreira” como enófila, devo lembrar que sim já aconteceu de visitar vinícolas que não me convenceram em nada... ufa!

Em Bouza, fui mais uma vez abduzida.  A preocupação com a qualidade de seus vinhos demonstrada durante a visita me impressionou e os vinhos degustados depois não fizeram por menos:

1.      Vinho branco – Linha Clássica
Trata-se de um corte de Chardonnay e Albariño (50/50).  O único da vinícola que não passa por carvalho.  Bastante frutado, com aroma destacado de papaya (ainda não havia sentido esse aroma assim tão forte). Boa acidez e boa persistência.
2.   Tempranillo Rosé 2010 – Linha Clássica
Não impressionou pelos aromas sutis de leveduras, mas surpreendeu em boca.  Equilibrado, untuoso e persistente.
3.       Merlot Tannat 2010 (60/40) – Linha Clássica
12,5% de álcool.  Bem mais merlot que tannat, tanto em seus aromas herbáceos quanto em boca, menos encorpado.
4.       Tannat 2009 – Linha Clássica
Surpreendeu.  Cor púrpura intensa, aromas marcantes, envolventes, taninos macios, redondo, uma delícia de tomar.
5.       Tannat A6 2009 – Parcela Única
Aromas intensos de frutas vermelhas, chocolate, tostado. Em boca, mais uma excelente surpresa.  Taninos muito macios, bastante equilibrado, final persistente.  18 meses em barricas novas de carvalho francês e americano.

A linha Parcela Única trata-se de um vinho elaborado com uvas provenientes de um único lote do vinhedo.  Todos os lotes recebem uma letra e um número e os melhores são destinados à elaboração de vinhos exclusivos. Há também o A7, o A8 e o B6 para Tannat, para Tempranillo, o B15 e o B9 para Merlot.

Outra linha top da vinícola é o Monte Vide Eu, um corte selecionado de Tannat, Merlot e Tempranillo.

Resultado:  saí com duas garrafas, um Tannat Clássico 2009 (R$ 32,00, melhor impossível!) e uma de A6 que, ao chegar em casa e abrir a caixa, descobri ter sido trocado por um A7 Siete Barricas.  Imagino e espero que seja do mesmo nível daquele que provei na degustação.  Parece ser mais elaborado.  A ver!