sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Altus Gran Reserva

O bom do final de ano é poder encontrar velhos amigos.  Melhor ainda quando eles te surpreendem com um convite inesperado, um ótimo jantar e um vinho surpreendente!

Um telefonema às 10 da noite de um amigo do André e lá fomos nós para um "jantarzinho" e um vinho.  Após um brinde com espumante nacional, iniciou-se um pequeno festival gastronômico e fomos obrigados a degustar pernil de ovelha e carré de cordeiro harmonizados com o Altus Gran Reserva 2007.  Iguarias à parte, ainda não conhecia este vinho e me arrependo do tempo perdido!

Um corte de Malbec, Cabernet e Merlot, envelhecidos separadamente em barricas de carvalho francês por 10 meses, é um vinho encorpado, potente e, ao mesmo tempo, muito macio.  Aromas frutados, com especiarias e notas de madeira.  Boca aveludada, final mentolado, condimentado e prolongado.  Sem percebermos, entre um papo e outro, entre um caprino e outro, entre algumas taças, lá se foram duas garrafas...

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Beef Wellington e Doña Paula

E então, dia 24, após 500 km de estrada, chegamos a Uberaba e fomos agraciados com um almoço mais que especial preparado pela Alessandra, também conhecida como minha irmã!

O prato: Beef Wellington, uma receita de Gordon Ramsay para as festas de Natal.  Filé mignon pincelado com mostarda, coberto por uma pasta de cogumelos e castanha, envolto por tiras de presunto cru e embrulhado por massa folhada. Sim, para comer de joelhos!  Ou com uma boa taça de vinho!

De todos que levei, escolhi o Doña Paula Malbec Syrah e caiu como uma luva.  Os taninos equilibraram a gordura do prato e as especiarias da Syrah foram bem com a mostarda e os demais temperos.  A harmonização pareceu excelente, mas posso estar enganada...  Em alguns momentos me peguei inebriada pelo prato e minha capacidade de julgamento pode ter sido afetada.  Anyway, na verdade, acho que até suco de uva teria se saído bem!



Beef Wellington saído do forno

Beef Wellington já fatiado e Doña Paula

Obrigada, mana, por mais essa delícia!!

            ___________________________________________________________

P.S: Em tempo, para quem quer saber sobre como se saíram os vinhos que escolhi para o Natal, devo dizer que quanto mais planejamento, maior a chance de algo sair errado.  Pois bem, saí de Brasília onde a temperatura rondava os 20° e aterrissei em Uberaba, com uns 50°!  Algo que realmente não esperava.  E, agora mais que nunca, tenho certeza que não quero ir para o inferno porque vai ser muito difícil beber vinho lá!

Os vinhos estavam ótimos, agradaram, mas aquela história de médio corpo foi por água abaixo.  No meio de Cabernets e Malbecs mais leves, o vinho mais disputado foi meu Pinot Noir da Patagônia, fresco, leve, exatamente como o clima exigia.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Vinhos para o Natal

Escolher vinhos para levar para o Natal em família pode ser uma tarefa estressante.  Primeiro, são dois eventos, ceia dia 24 e almoço dia 25, com famílias diferentes.  Segundo, o cardápio nem sempre é divulgado.  Terceiro, gostos diversos.  E, por fim, a viagem, a bagagem e as estradas esburacadas...

Considerações:

1. Brasileiro gosta de tinto
2. As avós gostam de vinhos "docinhos"
3. Outros, de vinho encorpado
4. Seja qual for o cardápio, deve aparecer peru, pernil, saladas, frutas secas
5. Serão muitas garrafas

Minha conclusão:

1. Tinto
2 + 3 + 4. Jovem, de médio corpo
5. Barato.

Dentro disso, Carmenère, Merlot, alguns Syrah seriam boas opções.  E, para focar no baixo custo, vou levar garrafas que já tenho em casa.  E aí, meu amigo, o que parecia dominado volta a assombrar...

Não tenho Carmenère, nenhum Merlot (cadê meus vinhos brasileiros??).  Tenho Syrah, mas um é encorpado demais, tenho alguns Malbecs e, ufa, tenho um Pinot Noir da Patagônia! Não é médio corpo, mas caberá bem no almoço mais leve de domingo!

O desafio agora é descobrir qual Malbec tem corpo médio... Dizem que os que passam menos tempo em carvalho e são das linhas mais simples das vinícolas se encaixam.

Vamos então aos vencedores!



Maycas del Limarí Syrah 2009
Doña Paula Estate Malbec-Syrah  2009
La Flor de Pulenta Malbec 2010
Newen Reserva Pinot Noir 2010
Humberto Canale Malbec 2010
Newen Reserva Malbec 2010

Depois conto se as escolhas deram certo.  Para vocês, um feliz Natal e um ano novo repleto de bons vinhos e de copos sempre cheios!

Saúde!

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Luigi Bosca Gala 1 2007

Pense em um vinho bom! Agora pense em um vinho robusto, concentrado, harmônico e, ao mesmo tempo, muito macio.  Pense em aromas complexos de frutas vermelhas, café e notas de madeira e em um final prolongado e adocicado de baunilha e frutas maduras.

Pensou? É esse Gala 1! Um corte muito interessante de Malbec (85%), Petit Verdot (10%) e Tannat (5%). A Petit Verdot e a Tannat aparecem para endurecer um pouco, com seus taninos, as frutas do Malbec argentino e, de quebra, contribuem para deixar a cor do vinho ainda mais púrpura e ainda mais profunda.

O vinho é elaborado com uvas selecionadas nas melhores parcelas dos vinhedos Finca "La Linda" (Vistalba), Finca "La España" (Carrodilla) e Finca "Los Nobles" (Las Compuertas), de videiras de 50 anos.  Passa 14 meses em barricas novas de carvalho francês e descansam por mais 10 meses em garrafa antes de irem para o mercado. Permite guarda de até 15 anos!



O vinho sai por uns R$ 100,00 no Brasil (é para ser bom mesmo!).  A safra 2006 recebeu 92 pontos de Robert Parker, ou melhor, Jay Miller, para quem ainda confiar e quiser saber!*

Sugestão de harmonização: caça, pato, cassoulet, queijo gruyère e emmental.  Harmonizei com o jornal das 10 da Globo News e uma pitada de CQC no final. Delícia!

*Quem ainda não leu sobre o escândalo das propinas do degustador da equipe de Robert Parker, responsável por América do Sul e Espanha, é só dar um google!

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Hostaria dei Sapori

Sábado fomos conhecer o novo restaurante italiano de Brasília, Hostaria dei Sapori.  E, uma vez na Itália, decidimos pedir vinhos italianos.  O desafio: escolher aqueles de menos de 100 reais no cardápio.

Escolhido:
Barbera D'Asti 2007
Nome: L'Avvocata
Produtor: Coppo
Meus comentários: Muito aromático e com boa acidez, macio e fresco em boca.  Fácil de beber, combina com uma grande variedade de pratos, perfeito para uma mesa com mais de 10 pessoas.
Comentários da Thais: Muito bom!


Barbera D'Asti L'Avvocata 2007

Depois de duas garrafas desse vinho, o Juliano queria um Negroamaro que não estava disponível, então atravessamos a fronteira para a França e ficamos com um Côtes-du-Rhône
Nome: Parallèle 45
Safra: 2009
Produtor: Paul Jaboulet Aîné
Mais complexo e mais intenso, foi também uma ótima escolha.
Agradou mais ao Juliano, o André preferiu o primeiro.

Parallèle 45 2009

Comparando com os preço praticados pela importadora (cerca de R$ 67,00), os preços no restaurante estavam até bons (média de R$ 90,00).  O serviço ficou um pouco a desejar, talvez pelo tamanho da mesa, mas os pratos agradaram bastante. O meu foi um Gnocchi Gamberi e Pecorino, o André pediu um Trittico Mura Vaticano, uma degustação de 3 massas e o mais espetacular de todos: Aragostina e Gamberi alla Terracinese (lagostins, camarões, tomate cereja, cebola vermelha e batatas com vinagre balsâmico), com direito a chamas, pedido pelo Juliano que, apesar de saber escolher pratos e vinhos, não sabe tirar foto!

Prato alla Terracinese, sem flash

domingo, 18 de dezembro de 2011

Os brancos de Jancis Robinson

Final de semana passado, Jancis Robinson publicou uma relação de brancos.  Como os brancos muito me agradam e são geralmente subestimados, especialmente aqui no Brasil, compartilho aqui para inspirar!  Há apenas dois latino-americanos: chilenos por supuesto. 

A relação apresenta a pontuação dada pela especialista de um total de 20 pontos e sua sugestão de melhor época para apreciá-los. A descrição e alguns comentários a mais podem ser encontrados em seu site aqui  (iria traduzir, mas o post só sairia ano que vem com toda a correria do final de ano).  Deixei os preços praticados em Londres para que possamos nos lembrar de como pagamos caro no Brasil!

Os chilenos:

De Martino, Cascara Chardonnay 2010 Limarí Valley 16.5 
Beber 2011-2013
Marcelo Retamal. 100% Chardonnay. O vinhedo está a 20 km do Oceano Pacífico que provoca importante influência ao resfriar a temperatura com sua brisa fresca. O solo nessa região é de calcário e argila. As uvas são esmagadas com as hastes e o vinho é vinificado em tanques de aço. 
Límpido e fresco. Muito transparente. Um Chardonnay aberto e fácil, mas com boa mineralidade no final. Ótimo valor quando comparado com os borgonhas que tenho desgustado.
£7.99 



Casa Silva, Paredones Cool Coast Sauvignon Blanc 2010 Colchagua Valley 17 
Beber 2011-13
De Paredones, fresco e pungente. Super refrescante. Defumado. Final seco. Bem feito! Pode ser apreciado agora, mas pode melhorar em alguns meses.   
£13.99

Os mais bem pontuados:

Château-Grillet 2006 Château-Grillet 18.5 
Beber 2010-2015
£65 


Nicolas Joly, Clos de la Coulée de Serrant 2008 Savennières 18.5 
Beber 2011-2020  
£53.95 


Os outros:

Tiago Cabaço, .com 2009 Alentejo 16.5 
Beber 2011-2013 
£7.50.
 
Song & Dance Sauvignon Blanc/Semillon 2010 Margaret River 16.5 
Beber 2011-2013
£8.49


Lavradores de Feitoria 2010 Douro
16.5 
Beber 2011-2014
£8.50 
 
Leasingham, Magnus Riesling 2009 Clare Valley
16 
Beber 2011-2015
£8.99 
 
McWilliams, Sainsbury's Taste the Difference Semillon 2006 Hunter Valley 16
Beber 2011-2016
£8.99


Moraitis, Sillogi 2010 Cyclades 16.5 
Beber 2011-2014 £9.95
 
Ch Rouquette sur Mer, Cuvée Arpège 2010 Languedoc, La Clape 16.5 
Beber 2011-2012
60% Bourboulenc, 40% Roussanne. 
£9.95
 
Laurent Miquel, L'Atelier Vermentino 2010 IGP Pays d'Oc 16 
Beber 2011-2012
£9.99 
 
Dom de l'Aumonier, Cuvée Henri Chenin Sec 2009 Touraine
16.5 
Beber 2011-2014
£10.74 
 
Haskell, Dombeya Sauvignon Blanc 2011 Stellenbosch 16.5 
Beber 2011-2012 
£10.75

 
Bellingham, The Bernard Series Old Vine Chenin Blanc 2010 Coastal Region 16.5 
Beber 2012-2016
£10.99

 
Morgenhof, Estate Chenin Blanc 2010 Simonsberg-Stellenbosch 16.5 
Beber 2011-2014
£10.99 Waitrose


Les Eminades, Montmajou 2010 St-Chinian 16.5 
Beber 2011-2014
Grenache Blanc, Marsanne.
 
£11.45 
 
Cave de l'Abbé Rous, Cornet & Cie 2010 Collioure 16.5 
Beber 2012-2014
60% Grenache Gris, 20% Grenache Blanc, e 20% Vermentino, Roussanne and Marsanne.  
£11.99 

Jean-Marie Haag Pinot Blanc 2009 Alsace 16.5 
Beber 2010-2011 £12.20
 
Le Rocher des Violettes, Le Negrette 2009 Montlouis-sur-Loire 17 
Beber 2012-2019
Chenin Blanc.
£12.45

Marco Sara Pinogris 2009 Friuli 16.5 
Beber 2010-2011   
£12.80 

Saparale 2009 Corse Sartène 16.5 
Beber 2011-2013
£12.95

Dom Guilhem & Jean-Hugues Goisot, Exogyra Virgula Sauvignon 2010 St-Bris 16.5 
Beber 2011-2013 £12.96
 
Julien Brocard, Dom de la Boissonneuse 2008 Chablis 16.5 
Beber 2011-2016
£13.95

Vasse Felix Semillon 2009 Margaret River 16.5 
Beber 2011-2014
£13.99 
 
André Vatan, Les Perriers 2010 Sancerre 17.5 
Beber 2011-2014
£14.75
 
Winery of Good Hope, Land of Hope Reserve Chenin Blanc 2010 Stellenbosch 16.5 
Beber 2011-2014
£14.99
 
Moss Wood Semillon 2010 Margaret River 17 
Beber 2011-2015   
£14.99
 
Dom Jean-Marc Brocard, Organic 2008 Chablis 16.5 
Beber 2011-2016
£14.99 


Greywacke Sauvignon Blanc 2011 Marlborough 17 
Beber 2011-2012 £15.9 

Florian Mollet, Roc de l'Abbaye 2010 Sancerre 17 
Beber 2011-2013
100% Sauvignon Blanc.
£15.99 

Valdesil Godello 2010 Valdeorras 17 
Beber 2011-2012
£15.99

 
Dom de Bellivière, Prémices 2009 Jasnières 16.5 
Beber 2011-2014
£16 


Sartarelli 2009 Verdicchio dei Castelli di Jesi Classico 16.5 
Beber 2011-2013 £16.95 
 
Dom Jean-Marc Brocard, Mont de Milieu Sainte Céline Premier Cru 2008 Chablis 16.5 
Beber 2013-2020
£16.99  

Georg Mosbacher, Deidesheimer Hergottsacker Riesling Spätlese trocken 2009 Pfalz 17 
Beber 2011-2014
£16.99


I Clivi, Brazan 2008 Collio Goriziano 17 
Beber 2011-2015
£17.95


Dom Jean-Marc Boillot 2009 Montagny
16.5 
Beber 2011-2013
£18.50
 
Sylvain Loichet, Les Belles Filles 2009 Pernand-Vergelesses 16.5 
Beber 2011-2013
£18.95 

 
Dom des Escaravailles, La Galopine 2010 Côtes du Rhône-Villages 17 
Beber 2011-2013
45% Roussanne, 45% Marsanne and 10% Viognier
£18.99 

 
Huet, Le Haut-Lieu Sec 2007 Vouvray 17 
Beber 2012-2020
100% Chenin Blanc 
£18.99


Éric Forest, L'Âme Forest 2008 Pouilly-Fuissé 17 
Beber 2011-2015
£22 

 
Lagar de Costa Albariño 2010 Rías Baixas 16.5 
Beber 2011-2013
£19.50
 

Causse Marines, ZacMau 2008 Vin de Table 17 
Beber 2010-2014
£19.50

 
Dom de la Chapelle, Hors Classe 2009 Pouilly-Fuissé 17 
Beber 2011-2014
£19.95

Le Jonc Blanc, Acacia 2008 Montravel 17 Beber 2011-2014 
Sémillon, Sauvignon Blanc. 
£20

Salomon Undhof, Von Stein Reserve Grüner Veltliner 2009 Kremstal 17 
Beber 2012-2015 
£20.95
 
Damien Laureau, Le Bel Ouvrage 2008 Savennières 17 
Beber 2013-2020
£21.97


Romain Bouchard, Vau de Vey 2008 Chablis 17 
Beber 2011-2017 
£22.45

 
Dom de la Bongran, Sélection EJ Thévenet 2004 Viré-Clessé 16.5 
Beber 2009-2013
£22.50 

Cottanera 2010 Etna 17 
Beber 2011-2013
95% Carricante, 5% Catarratto.  
£22.50 

Leeuwin Estate, Prelude Chardonnay 2008 Margaret River 16.5 
Beber 2014-2018 £22.50
 
Trimbach, Seigneurs de Ribeaupierre Gewurztraminer 2005 Alsace 17.5 
Beber 2009-2014
£23 

Pietracupa 2009 Fiano di Avellino 16.5 
Beber 2010-2012
£24.95 
 
Dom Rapet Père et Fils, Les Combottes 2009 Pernand-Vergelesses 16.5 
Beber 2011-2014
£25 

Reichsrat von Buhl, Forster Jesuitengarten Riesling Grosses Gewächs trocken 2008 Pfalz 17.5 Beber 2010-2016
£25 

Cantina Terlano, Vorberg Riserva 2008 Alto Adige 17 
Beber 2010-2012 £26.95 
 
Louis Jadot, Premier Cru 2008 Chassagne Montrachet 16.5 
Beber 2010-2014
£29.99

Dom de Souch, Marie Kattalin 2006 Jurançon 17 
Beber 2012-2016
£30.95 
 
Dom Fernand & Laurent Pillot, Noyers Brets 2008 Puligny-Montrachet 17 
Beber 2010-2013
£30.95 
 
Freestone, Estate Grown Chardonnay 2009 Sonoma Coast 16.5 
Beber 2012-2015 £165 
 
Dom Vincent et François Jouard, Morgeot, Les Fairendes Vieilles Vignes Premier Cru 2008 Chassagne-Montrachet 17 
Beber 2011-2015 £35 
 
Dom Louis Moreau, Les Clos 2008 Chablis Grand Cru 17 
Beber 2012-2020
£38 

 
Dom du Château Gris, Les Terrasses du Château 2007 Nuits-St-Georges 16.5 
Beber 2011-2014
£38.99

Benjamín Romeo, Que Bonito Cacareaba 2009 Rioja 17 
Beber 2011-2020
£43.60
 
Bindi, Quartz Chardonnay 2009 Macedon Ranges 17
Beber 2011-2017
£55
 
Cullen, Kevin John Chardonnay 2009 Margaret River 17.5 
Beber 2010-2015
£57.99

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

A 2ª Parte da Degustação de Grandes Vinhos Brasileiros

Enquanto a Carol não escreve sobre a primeira parte da degustação promovida pela ABS Brasília, vou me adiantar na segunda, que aconteceu terça-feira.

Como já havia divulgado aqui, os vinhos eram mesmo de alto nível, todos muito bem feitos e muito bons, algo inimaginável para os vinhos brasileiros há alguns anos atrás. Isso certamente merece um brinde!!

A degustação seguiu a seguinte ordem:
1. Cuvée Giuseppe - Chardonnay - 2009 - Vale dos Vinhedos - Vinícola Miolo
2. Angheben - Touriga Nacional - 2005 - Encruzilhada do Sul - Angheben Adega de Vinhos Finos
3. Dal Pizzol 200 anos - Touriga Nacional - 2009 - Serra Gaúcha - Vinhos Dal Pizzol
4. DNA 99 - Merlot - 2005 - Indicação de Procedência Vale dos Vinhedos - Pizzato Vinhas e Vinhos
5. Stória Gran Reserva - Merlot - 2005 - Vale dos Vinhedos - Casa Valduga
6. Gran Fabian - Cabernet Sauvignon / Merlot / Ancellotta - 2004 - Altos Montes - Vinícola Fabian
7. Anima Vitis - 2005 - Nova Pádua RS - Vinícola Boscato 
8. Don Laurindo Comemorativo - Assemblage - 2008 - Serra Gaúcha - Vinícola Don Laurindo
9. Sesmarias - 2008 - Seival - Campanha - Vinícola Miolo

O diretor Antônio Matoso disse que fará um relato da degustação e a disponibilizará no site da ABS.  Sendo assim, vou me poupar do vexame de descrever cada um desses vinhos e fazer apenas minha avaliação geral.  Assim que ele fizer o prometido, divulgo aqui!

Eis a relação dos meus preferidos:
1. Gran Fabian - a melhor surpresa da degustação, ainda permite guarda.
2. Storia - no seu auge, muito bom (sim, melhor que o 2006 de antes de ontem).
3. DNA 99 - apesar de ser da mesma safra do Storia, ainda evoluirá bastante.
4. Sesmarias - muito bem feito e interessante, ícone do projeto Seval Estate, com a consultoria de Michel Rolland.
5. Angheben Touriga Nacional - jovem, frutado e com boa acidez, se destaca pela tipicidade.  A vinícola conta com minha grande simpatia, o proprietário, Sr. Idalencio, foi professor de quase todos os enólogos da região e o filho, Eduardo, bastante dedicado.  Seu Teroldego é o mais reconhecido e já provei também seu Pinot Noir, muito bem feito por sinal.
6. Boscato Anima Vitis - um corte muito, muito bom de uma vinícola cujos vinhos muito têm me agradado, em especial o Merlot Reserva e o Cabernet da degustação passada.
7. Don Laurindo Assemblage - um corte muito interessante e excelente!
8. Cuvée Giuseppe - um pouco untuoso demais na minha opinião, mas com aromas surpreendentes, de coco por exemplo.
9. Dal Pizzol 200 anos- muito bom e bem diferente do Touriga da Angheben, nenhum deles passa por carvalho.

Esclareço, contudo, que os vinhos são muito diferentes, todos muito bons e é difícil compará-los. A relação reflete, portanto, apenas meu gosto pessoal.  Tendo isso em consideração, vamos à lista que interessa, a de melhor relação custo/benefício:
1. Angheben Touriga Nacional (R$ 35,00) - vale cada real!
2. Dal Pizzol 200 anos (R$ 29,00) - preço despretensioso como vinho, ótimo para esses vinhos sem madeira para o dia a dia.
3. DNA 99 (R$ 106,44) - acho caro, mas é o mais barato dos caros e entre os caros, é o melhor custo benefício
4. Cuvée Giuseppe (R$ 56,00) - é um branco muito bom, mas como achei que poderia ter um pouco mais de acidez, o deixo aqui na quarta posição.
5. Sesmarias (R$ 250,00) - não pago ainda, qualquer vinho com esse preço tem a obrigação de ser excelente.
6. Don Laurindo Assemblage (R$ 240,00) - será que colocar um preço alto aumenta a reputação do vinho?
7. Boscato Anima Vitis (R$ 290,00) - faço a mesma pergunta do anterior...
8. Storia 2005 (R$ 135,00 na época em que foi adquirido) - hoje está muito mais caro e se tornou uma raridade, não tenho idéia de onde ainda se pode encontrá-lo: inatingível, logo não compensa...
9. Gran Fabian - não sabemos o preço e nem se ainda há algum disponível: ainda mais inatingível...
Grandes Vinhos Brasileiros


terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Storia 2006

A degustação de grandes vinhos brasileiros da ABS Brasília me inspirou e decidi comparar a evolução de uma garrafa do Storia Merlot 2006 que deixei escondida na adega com uma que abri em março, logo após ter retornado da visita à Casa Valduga.

Sim, a diferença nem é tanta assim, menos de 10 meses, mas, para mim, já foi um recorde conseguir guardar uma garrafa por tanto tempo!  Hoje na ABS vamos degustar o 2005 (que já não estava disponível para venda na vinícola e acho que em lugar algum do mundo) e então poderei fazer uma comparação de safras!  Enfim, de volta à questão e em poucas palavras, os 10 meses na adega fizeram sim diferença!

O vinho estava mais elegante, mais macio, mais equilibrado que o de março.  Aromas mais complexos, com notas sutis de madeira e aromas herbáceos, de frutas vermelhas maduras e um pouco de café.



Após 12 meses em barrica de carvalho francês, o vinho ainda amadurece por 2 anos em cave.  É elaborado apenas em safras excepcionais e possui tiragem limitada, todas as garrafas são numeradas e as vendas são feitas mediante reserva, segundo a vinícola.  Eu não tinha nada reservado quando comprei...  O lacre também é um charme à parte com todo o histórico da elaboração do vinho.

A sugestão de harmonização da Casa Valduga é caça, queijo picante e massas com molhos condimentados.  A minha harmonização foi com medalhão de filé mignon ao molho de mostarda saborizada com pimentão verde (sim, tia, fui eu quem fiz!).  Combinação perfeita!

Sobremesa: chocolate amargo (Lindt Excelente 70% Cacao Nougatine) e o resto de um Porto Tawny que já estava aberto na geladeira.  Almoço estrelado!

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

O Leilão de Alain Delon

O ator Alain Delon realizou um leilão no dia 26 de novembro para vender algumas mil garrafas de sua coleção de vinhos.  A estimativa era de que a venda atingisse algo em torno de 100 mil euros, mas a arrecadação chegou a mais de 250 mil euros graças a quem?  Mais uma vez a eles, os chineses, claro...

O responsável foi Dong Guo, presidente de um grupo de mídia de Shenzen, que adquiriu 70 lotes, a apenas um passo de conseguir comprar a coleção inteira.

Havia muitas garrafas de 1935, ano de nascimento do ator, mas os lotes mais disputados foram o de 6 garrafas de Cheval Blanc 1947, vendido por 20 mil euros, e outro com 12 garrafas de Petrus 1972, vendido por 12.500 euros.

As garrafas tinham a marca da adega de Delon, o que ajudou a elevar os preços já que, além dos colecionadores de vinhos, agradou também aos colecionadores de objetos pessoais de famosos.

A razão da venda foi explicada apenas como sendo uma atitude normal de gerenciamento de "portfolio" para a aquisição de novas garrafas.

Segundo a revista Adega, Delon participa hoje de mais um leilão em Paris com o objetivo de angariar fundos para financiar pesquisas sobre a doença de Alzheimer, com garrafas de prestigio doadas por comerciantes e viticultores franceses, incluindo a Pouilly-Fumé produzida por Pascal Jolivet em colaboração com Alain Delon.

domingo, 11 de dezembro de 2011

Meursault Charmes 2000

Hoje decidimos abrir uma das inúmeras garrafas que trouxemos da viagem e a escolhida foi um Meursault Charmes da safra de 2000.   Só mesmo esses brancos da Borgonha para resistirem tanto tempo. Após 11 anos, o vinho estava excelente e com capacidade de envelhecer por outros 11.

Meursault 2000

O vinho foi comprado em nossa visita à Patriarche Père et Fils, uma sugestão do Prof. Juan Verdésio, instrutor da ABS Brasília, a qual recomendo a todos que passarem por Beaune, na Borgonha.  É a maior cave subterrânea, com 5 km de galerias do século XII e, durante a visita, com vídeos interativos que te guiam pelo caminho, é permitido degustar todos os vinhos produzidos pela Maison.  Se não fosse um grupo de jovens bêbados britânicos bem na nossa frente, teríamos degustado mais (sempre que chegávamos ao barril, a garrafa estava vazia...).

Maison Patriarche Père et Fils

A Maison Patriarche existe desde 1780, é bastante conhecida, mas não está relacionada entre os melhores produtores segundo os especialistas Clive Coates e Hugh Johnson.  A visita saiu por 10 euros e o melhor é que serve como uma introdução à Borgonha já que podemos conhecer um pouco das características de vinhos de praticamente cada um dos crus borgonheses.

Maison Patriarche


Nas caves da Patriarche, podemos encontrar garrafas desde as mais prestigiadas como Montrachet, Meursault, Pommard e Nuits Saint Georges até as mais simples como Beaune, e de safras tão antigas quanto 1929.
Safras antigas na Maison Patriarche

E garrafas que só serão abertas em 2094, após 100 anos de envelhecimento!

Safra 1994 que será aberta até 2094

Meursault é um dos meus brancos preferidos (junto com quase todos os brancos da Borgonha) e Charmes é um dos mais bem conceituados Premier Crus, junto com Les Perrières (o melhor) e Les Genevrières.  Meursault conta com mais de 100 produtores e cerca de 30 premier crus, então só mesmo bebendo para saber quais te agradam!

Os brancos de Meursault são considerados como sendo os mais encorpados e untuosos brancos da Borgonha, com aromas característicos de pão tostado, mel, caramelo e manteiga.  Com o tempo se tornam ainda mais encorpados e agradáveis, com aromas que evoluem para marmelo e damasco seco.  Pêssegos maduros e avelãs também são característicos.  A acidez é essencial para equilibrar a untuosidade.

Os Premiers Crus cobrem 133,88 hectares e produzem cerca de 4.100 hectolitros/ano de vinho branco e 75 hectolitros de tintos.  Na prática, apenas os climats perto de Volnay têm plantações de Pinot Noir. O Premier Cru Les Santenots é um dos que produzem também tintos, mas se assim forem, são denominados Volnay.  Ah, a Borgonha...

A denominação está ao sul de Beaune, na área conhecida como Côte des Blancs e Charmes está ainda mais ao sul da denominação.  Alguns dizem que o nome deriva das árvores "charmes" (faia, em português) que cresciam na região, outros dizem que vem da palavra que descreveria o vinhedo fácil de trabalhar, com boa exposição solar, inclinações suaves e vista agradável do vale.  Outros ainda dizem se tratar simplesmente do charme de seus vinhos.

Charmes tem 31,12 hectares, maior que os outros dois melhores premier crus mencionados, e produz vinhos interessantes, intensos, harmoniosos e elegantes, com caráter floral e notas de pêssego, e, nas palavras de Clive Coates, "delicately nutty, gently honeyed".

Meursault Charmes 2000

Sobre o vinho:

Uva: Chardonnay
Safra: 2000*
AOC: Meursault Charmes Premier Cru
Solo: calcário e argila
Guarda: 8 a 25 anos
O vinho é amarelo dourado, com nariz concentrado e elegante, ressaltando aromas de avelãs, pão, frutas secas e mel. Em boca é tão refinado quanto, untuoso, sedoso e equilibrado.  Final longo e persistente de avelãs e brioche.
*A safra de 2000 foi muito boa e com melhor acidez que a de 1999, destacando as notas de frutas e flores.

Harmonizamos com um risoto de trufas, que, a princípio não seria a harmonização mais indicada para um Meursaul, mas, na minha humilde opinião, deu certo!

Foto não legal de um risotto de trufas

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Degustação de Grandes Vinhos Brasileiros

Ontem participei da 1ª parte da Degustação de Grandes Vinhos Brasileiros promovida pela ABS Brasília.  Para tornar a experiência ainda mais interessante, convidei a Carol, amante dos vinhos italianos e cheia de preconceitos em relação aos vinhos brasileiros, para participar, com a missão de escrever um post com seus comentários sobre cada um dos vinhos degustados!

Promessa é dívida, e ela se comprometeu a escrever algo semana que vem, assim que voltar de sua viagem de trabalho.  De antemão, já conto que ela se surpreendeu e gostou bastante, especialmente de dois vinhos (se eu não estiver enganada): Aurora Millésime e Villa Lobos. Não deixem de conferir o post!

Os vinhos degustados foram:
1. Lote 43 - Merlot / Cabernet Sauvignon - 2008 - Vale dos Vinhedos - Vinícola Miolo
2. Lote 43 - Merlot / Cabernet Sauvignon - 2002 - Vale dos Vinhedos - Vinícola Miolo 
 3. Aurora Millésime - Cabernet Sauvignon - 2005 - Serra Gaúcha - Vinícola Aurora
4. Antonio Dias - Cabernet Sauvignon - 2008 - Alto Uruguai RS - Vinícola Antonio Dias 
5. Utopia Gran - Cabernet Sauvignon / Merlot - 2008 - São Joaquim SC - Quinta Santa Maria
6. Don Gran Reserva - Cabernet Sauvignon / Merlot - 2005 - Serra Gaúcha - Vinícola Don Abel
7. Tannat 2004 - Don Giovanni - Serra Gaúcha - Don Giovanni
8. Boscato Gran Reserva - Cabernet Sauvignon - 2001 - Serra Gaúcha - Vinícola Boscato
9. Villa Lobos - Cabernet Sauvignon - 2006 - Vale dos Vinhedos - Casa Valduga

Para o final, um Miolo Reserva 2004 harmonizado com Penne ao Ragú de cordeiro, deliciosamente preparado por Duarte, presidente da ABS.

Para quem ficou com água na boca, terça-feira que vem, dia 13 de dezembro, rola a 2ª parte com os seguintes vinhos:
1. Sesmarias - 2008 - Seival - Campanha - Vinícola Miolo
2. Stória Gran Reserva - Merlot - 2005 - Vale dos Vinhedos - Casa Valduga
3. Dal Pizzol 200 anos - Touriga Nacional - 2009 - Serra Gaúcha - Vinhos Dal Pizzol
4. Don Laurindo Comemorativo - Assemblage - 2008 - Serra Gaúcha - Vinícola Don Laurindo
5. Cuvée Giuseppe - Chardonnay - 2009 - Vale dos Vinhedos - Vinícola Miolo
6. DNA 99 - Merlot - 2005 - Indicação de Procedência Vale dos Vinhedos - Pizzato Vinhas e Vinhos
7. Angheben - Touriga Nacional - 2005 - Encruzilhada do Sul - Angheben Adega de Vinhos Finos
8. Anima Vitis - 2005 - Nova Pádua RS - Vinícola Boscato
9. Gran Fabian - Cabernet Sauvignon / Merlot / Ancellotta - 2004 - Altos Montes - Vinícola Fabian

Para o final, a mesma harmonização de ontem.  Recomendo!  Quase não sobrou penne para contar história...

domingo, 4 de dezembro de 2011

Espumante Húngaro para o Final de Ano

Já que se aproximam as festas de final de ano, vamos falar de espumantes!  E aqui uma dica valiosa de um espumante excelente por apenas R$ 35,00 (preço de dois meses atrás).  


Törley


Fonte: Empório Húngaro

Trata-se do principal produtor de espumantes da Hungria e de um dos maiores da Europa, segundo averiguei. Com produção entre 12 e 14 milhões de garrafas/ano, possui 50% do mercado húngaro. Em 2004, o Wall Street Journal classificou seu Grand Cuvee como o segundo melhor espumante do mundo!

A história é interessante. Por volta de 1870, József Törley conheceu Theophilus, neto de Louis de Roederer enquanto estudava na Áustria e foi convidado para ir à Reims aprender alguma coisinha sobre a produção de champanhe. Acabou se tornando um grande conhecedor do assunto e fundou sua própria maison na cidade.

Em uma viagem a Budafok, na Hungria, Törley percebeu que o local apresentava condições excelentes para a produção de espumantes, com solo similar ao da região de Champagne.  Então, em 1882, transferiu sua vinícola para a nova cidade e começou a replicar o que tinha aprendido, inclusive em seus vinhedos.

Após sua morte, como não tinha herdeiros, a vinícola passou para o comando de seus irmãos e sobrinhos e continuou a crescer.  Em 1992, o grupo Henkell & Co. adquiriu a empresa e, desde 2005, passou a se chamar Törley Sektkellerei Kft.

A Hungria é mais reconhecida mundialmente pelo seu Tokaji no norte e seus tintos no sul, mas os vinhos húngaros tradicionais são os brancos. Apimentados, acompanham bem refeições condimentadas e untuosas, como um outro branco mais leve não conseguiria.

Voltando ao que interessa, o espumante é mesmo delicioso, com notas de amêndoas tostadas e muito redondo em boca.  Vale cada real! Dá para comprar uma caixa e curtir a virada em altíssimo estilo! E ainda tirar uma onda com um espumante exótico...

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Vinho Chapinha em um conto de Alexei Rodrigues

Não me lembro bem onde foi, tampouco quando, mas lembro-me bem da cara do sujeito. Barba bem feita, cabelos amoldados por um pouco de gel, óculos caros e roupas de grife. Era ele um publicitário com sei lá quantos prêmios e, embora a profissão e o jeito indicassem o contrário, era um autêntico boa praça. E foi ele quem me disse certa vez em que eu receberia em meu apartamento uma bela garota, pra que não me preocupasse com a escolha do vinho, assunto que jamais dominei.
-No final das contas, dizia-me com ares de grande conhecedor dos mistérios da humanidade, o que interessa é impressionar. Compre belas taças e um decanter. Com esses apetrechos, até Sangue de Boi soará como o mais refinado vinho francês.
Foi o que fiz e, creiam, acabei me dando bem algumas vezes. E de tão bem, deitei-me na cama dos presunçosos quando, num jantarzinho maneiro com uma gatinha que curtia vinhos, pus à mesa o mais puro vinho Chapinha em meu decanter refinado. A noite não teve um final feliz.
Nunca mais a vi. A última notícia que tive dela foi no dia seguinte ao fatídico jantar quando, com uma voz nada amistosa, ela me ligou:
-Minha língua está azul, seu idiota.