sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Um Borgonha que Justifica a Fama... Ruim

Infelizmente, muita gente (homens, principalmente) tem preconceito com os vinhos da Borgonha por relacioná-los a Pinot Noir leve e sem graça.  Puro desconhecimento, claro.  Conhecendo melhor a região e os produtores, descobrimos vinhos potentes e marcantes, meus preferidos.

A Borgonha é assim: existem os vinhos top, os Grand Cru; abaixo deles, os Premier Cru, aí vem os Village que recebem o nome de sua vila de origem, sem a especificação do vinhedo.  Então vem a denominação sub-regional, com regras mais frouxas para vinhos produzidos em alguma região determinada (rosé e espumante inclusive).  E, depois disso, meu amigo, só existe a AOC Bourgogne, a mais genérica de todas. 

Acontece que esses dois últimos, os regionais, representam mais da metade da produção total e, portanto, são responsáveis pela maior margem de erro ao escolher um Borgonha.  Digo erro não porque são necessariamente ruins, mas porque são vinhos mais simples e distantes da áurea de glamour que envolve a região.

Nessa linha de vinhos leves e sem grande presença, está esse Vaucher Père & Fils Bourgogne Hautes-Côtes de Nuits 2011, que custou 16,90 euros (é, Borgonha é caro) e trata-se de uma denominação sub-regional.


Vermelho claro, muito claro, transparente.  É como comer cereja direto do pé, antes de estar madura, em uma época muito seca: aromas de cerejas bem frescas e terra, muita terra.  Bem discreto, algumas flores tentam aparecer e somem.  Em boca, nada de taninos, muito frescor e um levíssimo amargor que até ajudou a não deixar que o vinho ficasse muito óbvio.  Final curto, com a cereja já mais docinha.

O vinho é exatamente o que se poderia esperar de um vinho regional da Borgonha.  Para mim, um bom vinho para o dia a dia com apenas 12% de teor alcóolico.  Dá até para beber acompanhando um peixinho grelhado.  Mas não tenho coragem de oferecê-lo para meus amigos que também gostam de vinho, seria um fracasso total...

3 comentários:

  1. Prezada,
    Borgonha tem fama de vinho ruim? Onde? Só se for no meio de gente que não entende nada de vinho. Quem acha que Borgonha é ruim é iniciante. Quem pensa que vinho bom, é vinho forte, igualmente. Seria ótimo que todos os vinhos tivessem 12% de álcool. Não é ele que dá peso ao vinho. A maioria dos Bordeaux, pelo menos mais antigos, tinham 13% e quem discute seu corpo e estrutura? Bem, eu acho que esse Borgonha que você apresenta deve ser dos mais ruinzinhos, pois borgonha de 16,90 Euros é muito barato. Borgonhas bons começam pelos 40.
    Saudações,
    JR

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    1. Caro JR,

      Que bom que compartilhamos da mesma opinião sobre os vinhos da Borgonha! Quem segue meu blog sabe que se trata da minha região favorita, como disse no primeiro parágrafo. Pena que fui mal interpretada, mas tentei deixar claro no texto todo que, sim, conforme sua impressão, se tratava de um vinho muito simples que não representa o que a região tem de melhor!

      De qualquer forma, acho que algumas pessoas têm sim preconceito com Pinot Noir. Não sei se apenas iniciantes ou se também algumas um pouco mais experientes que têm dificuldade em entender a região. Borgonha realmente não é para qualquer um. Mas, considerando o baixíssimo consumo per capita de vinhos no Brasil, entendo que a maioria da população é iniciante e isso se reflete no meu círculo de amizades.

      Não se preocupe, divulgar os excelentes vinhos da Borgonha é minha cruzada e faz parte desse trabalho alertar sobre aqueles que não representam a região com louvor!

      Abs!

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  2. Nada se compara a Bourgogne, a região mais fascinante e incrível!

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