domingo, 17 de junho de 2012

Risoto Trufado de Lagosta para um Chassagne-Montrachet

O pretexto foi o Dia dos Namorados.  O motivo era abrir o Michel Picard Chassagne-Montrachet Premier Cru Les Chenevottes 2006. 



Chassagne-Montrachet é uma denominação ao sul da Côte de Beaune que, junto com Meursault e Puligny-Montrachet, formam a "Côte des blancs".  Antigamente se destacava por seus tintos, mas hoje, com cerca de 350 hectares, 60% de sua produção é de vinhos brancos (Chardonnay, bien sûr): são mais renomados e atingem preços mais altos. Com solo de pedra calcária e argila, esses brancos apresentam aromas de amêndoa, maçã madura e mel e podem ser guardados por até 20 anos! 

O nome vem de "cassanos", uma palavra celta usada para indicar um local onde crescem carvalhos; "rachet" significa um solo pobre, seco e improdutivo.  Mas também já li que o local era conhecido como Cassaneas em 886 a.c., o que sugere uma relação com o diminutivo da palavra latina "casa".

Montrachet e Bâtard-Montrachet são seus dois Grand Cru compartilhados com Puligny-Montrachet.  O outro Grand Cru exclusivo é Criots-Bâtard-Montrachet (1,6 ha).  Os três produzem um dos vinhos brancos mais caros e longevos do mundo.

Les Chenevottes

Les Chenevottes está entre os melhores Premier Crus (os melhores são os que estão perto de Montrachet). Com apenas 9,26 hectares, produz vinhos encorpados. 

Como em toda a Borgonha, a qualidade geralmente é atestada pelo produtor.  Já falei sobre o Castelo de Chassagne-Montrachet e Michel Picard aqui e aqui.  Michel Picard é mais conhecido pela quantidade...

Ao Risoto:

1,2kg de caudas de lagosta
3 1/2 xícaras de caldo de galinha
3 colheres de sopa de azeite de trufas
3/4 xícara de alho poró
1/4 xícara de cebola e alho
1 xícara de arroz arbório
1/4 xícara de conhaque (usei vinho do porto white extra dry)
1/3 xícara de creme de leite
1/3 xícara de cebolinha picada

Cozinhe as lagostas por cerca de 15 minutos.  Remova a carne das cascas (não sou indicada para explicar como fazer, foi bem complicado) e asse as cascas por 15 minutos em forno alto.  Utilize essas cascas no caldo de galinha.

Refogue a cebola, alho e alho poró por 2 minutos em 1 colher do azeite de trufas.  Adicione o arroz, refogue.  Adicione o conhaque e espere incorporar.  Reduza o fogo.  Cozinhe o arroz com o caldo conforme as preparações básicas de risoto por cerca de 20 minutos.  Ao final, adicione a carne de lagosta picada em pequenos cubos e o creme de leite.  Deslique o fogo.  Acrescente as 2 colheres restantes da azeite trufado e a cebolinha.  Tempere com sal e pimenta.

O prato é delicioso, recomendo! Mas é pesado, sirva pequenas porções.

O vinho me decepcionou.  Não sei se foi mal armazenado, mas não pareceu muito o vinho que provei lá no Château.  Demorou um pouco para abrir, mas logo apresentou aromas deliciosos: maçã verde, mel, notas minerais e evoluiu para notas tostadas, juro que no final senti doce de leite queimado. Uma delícia! 

Mas em boca... acídulo, untuosidade sutil e final amargo.  Acabou não dando muito certo com o prato que pedia um vinho com mais corpo, como imaginava que seria o Chassagne-Montrachet...

2 comentários:

  1. Belo vinho e grande prato!!!!!
    Desisti do azeite trufado, acho que aroma vai embora muito rápido depois de aberto. Virei fã incondicional da manteiga trufada, já tentou?? Mantém a qualidade por muiiiito tempo.
    Abraço
    Abilio

    ResponderExcluir
  2. Concordo com vc! Por isso, na verdade, usei manteiga (confesso!rsrs). Mas achei que, nesse caso, o prato ficou um pouco pesado (ou exagerei na dose), então indiquei o azeite conforme a receita original. Para massas e risotos mais simples, a manteiga é sempre bem melhor mesmo. Já gastei vidros de azeite por não conseguir perceber os aromas e sabores das trufas!
    Abs,
    Sabrina

    ResponderExcluir