quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

O Vinho mais Caro da História

Caso ainda não tenha lido, fica aqui a dica para as férias ou para o "restinho" de 2013: O Vinho mais Caro da História (The Billionaire's Vinegar), de Benjamin Wallace.

É uma história real, tão bem escrita e envolvente que se confunde com um romance policial.  É assim, complexo, encorpado e com final persistente e muito prazeroso. 

Um relato sobre a falsificação de diversos vinhos raros e antigos a partir de 1985, quando uma garrafa do Chateau Lafite, safra 1787, que teria pertencido a Thomas Jefferson, foi leiloada por US$ 156.000,00, o valor mais alto já pago por um vinho.

É mais que isso.  No percorrer da história, você descobre algumas curiosidades sobre a parte enófila da história do presidente norte-americano e sua campanha por impostos menores ("não há nenhum país bêbado onde o vinho é barato").  Tadinho, deve ter se contorcido na tumba com a história das salvaguardas...

Ainda vai além, você entra um pouco no mundo exclusivo de raridades, se diverte com a rivalidade entre as casas de leilões mais famosas do mundo e sonha com as extravagantes degustações verticais de mais de 100 safras.

Na leitura, você se depara o tempo todo com personagens ilustres como Jancis Robinson, Robert Parker, família Forbes, Georg Riedel (das taças), proprietários de grandes Châteaux, Marvin Shanken (dono da Wine Spectator), Dodi Al-Fayed, Angelo Gaja, até Franz Beckenbauer e Matt Dillon aparecem em alguns eventos.

Por fim, você aprende também um pouco sobre vinhos, especialmente vinhos velhos antigos.  Uma explicação literária para a oxidação (em continuidade ao último post): 
"Grosseiramente, as transformações moleculares que acontecem em uma garrafa fechada de vinho que ficou deitada por anos envolvem a interação gradual do oxigênio e do vinho.  Compostos químicos simples se quebram e se recombinam em formas cada vez mais complexas conhecidas como fenóis poliméricos.  Acidez e álcool se amaciam.  Os maiores compostos - os duros e adstringentes taninos - se depositam no fundo em forma de sedimentos, levando consigo os pigmentos coloridos e saturados.  Eles deixam para trás um sabor suave, incompreensivelmente sutil e uma tonalidade de tijolo.  Tudo se enlaça, resultando em uma complexidade ainda mais delicada expressa aromaticamente no buquê do vinho." (tradução livre)

Se não estiver satisfeito, juro que você ainda aprende uma coisa ou outra sobre física nuclear!  E que o Césio-137 só passou a existir em alta concentração na natureza após o primeiro teste de bomba de hidrogênio em 1952...

Um tapa na cara na arrogância e afetação que envolve o mundo dos vinhos:  "alguém vendeu uma ilusão que outros estavam desesperados para comprar". Sobre Parker, "alguém em quem neófitos ricos inseguros de seus paladares confiam".

Não, não espere pelo filme.  Parece que ainda não há previsão de estréia e talvez nem seja estrelado por Brad Pitt... :(

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