O Mistério da Harmonização do Bacalhau

Não se preocupe, não vou me atrever a falar sobre vinhos e bacalhau, tema que já foi objeto de tratados, teses e dissertações, especialmente na Páscoa, e que gera divergências e paixões. Vou apenas compartilhar minha mais recente angústia.

Jantar de sábado no restaurante Duo, na Barra da Tijuca, decidiu-se por provar um rosé.  Ótimo!  Da Provence, melhor ainda:

Haedus Rosé 2011
AOC Côtes de Provence
Um corte de Grenache e Cinsault.
Típico rosé da Provence: seco, frutado, com notas florais e minerais, muito fresco e com boa persistência.
Saiu por R$ 120,00 no Duo, R$ 64,00 na Zahil.

Para acompanhar:

Entrada:
Salada de Folhas com Frutos do Mar e Molho de Limão Siciliano
Poderia ter ficado apenas com essa entrada, deliciosa, com direito a camarões, lulas e vieiras em ponto perfeito.  Ficou melhor ainda com o rosé!

Pratos Principais:

Risoto de Polvo e Açafrão
Também muito bem feito, com pedacinhos de polvo empanados na decoração. O vinho não fez feio.

Ravioli Negro com Bacalhau e Ciboulette
O prato era muito bom, mas brigou feio com o vinho.  O molho de ciboulette era de manteiga, então até poderia ter dado errado porque o vinho era leve demais para o prato, mas não foi esse o problema. Gosto metálico!  Alguém me explica??  Se nem a salada de frutos do mar, nem o risoto de polvo deixaram essa sensação, porque deixaria o bacalhau que, dizem alguns, nem peixe é???  Com certeza o rosé não era mais tânico que alguns tintos leves sugeridos para harmonizar com esse peixe.  E não, não era minha boca já que outras pessoas confirmaram minha percepção.

Como é frustrante uma refeição mal harmonizada!  Saí com um grande ponto de interrogação na cabeça, tentando entender o que tinha acontecido...

Meu consolo é que, em separado, todos estavam excelentes, pratos e vinho.  Aliás, fica a dica do restaurante, que, além de uma carta de vinhos muito interessante e acessível (ao contrário daquelas premiadas pela Wine Spectator), também tem pratos especiais sem glúten.