sábado, 24 de setembro de 2011

Chateauneuf-du-Pape

Após o vinho de quarta, resolvi fazer uma breve pesquisa sobre os vinhos daquela AOC.  Eis todas as coisas interessantes que descobri:

Sobre a AOC:

Em 1829, cerca de 2000 hectolitros de Châteauneuf-du-Pape eram vendidos para fora da região e já contavam com uma sólida reputação.  Para garantir a qualidade de seus vinhos, os vinicultores criaram, em 1894, o primeiro "Syndicat viticole" encarregado de garantir, por meio de um selo do sindicato, a origem dos vinhos daquele território.

Em 1911, o conselho municipal instaurou uma comissão de 34 viticultores para iniciarem a classificação dos vinhos e resguardar a autenticidade de seus vinhedos. Em 1923, foi criado o Sindicato dos proprietários viticultores de Châteauneuf-du-Pape com o objetivo de se conseguir o reconhecimento da denominação de origem Châteauneuf-du-Pape. O responsável pela empreitada foi o jurista e produtor, Barão Le Roy de Boiseaumarié, que condicionou o projeto a que os produtores da região prezassem pela honestidade e disciplina.

Em 21 de novembro de 1933, foi estabelecida a delimitação e as condições de produção.  Apesar de algumas pequenas modificações em 1936 e 1966, essas regras estão ainda em vigor. Entre elas, destaca-se o fato de ser a denominação que determina como valor mínimo de álcool 12,5%, o maior de todos os demais vinhos franceses.  Na prática, geralmente atingem 14%.

Antes de Robert Parker ter começado a promovê-los nos Estados Unidos, os vinhos de Chateauneuf eram considerados rústicos e eram muito pouco consumidos. No entanto, o seu crescente consumo fez com que os preços quadruplicassem na última década. A produção atual é de 100.000 hectolitros de vinho, dos quais 95% são tintos e altamente variáveis em termos de qualidade.

As uvas:

Por volta de 1830, cultivava-se apenas “uma interessante planta conhecida como Cirac”. Em razão do desejo de se melhorar seus vinhos e aumentar a qualidade, os produtores experimentaram diversas novas cepas. Quando a filoxera atingiu a região em 1866, mais de 13 variedades diferentes já haviam sido registradas. A atual diversificação é, portanto, resultado do trabalho de várias gerações de produtores que selecionavam as vinhas com maior probabilidade de melhorar a qualidade de seus vinhos.

No final do século passado, Joseph Ducos selecionou cuidadosamente dez cepas em sua propriedade e identificou que as características e sabores dos vinhos eram bastante variados:

  • Grenache e Cinsault para doçura, calor e maciez.

  • Mourvèdre, Syrah, Muscardin e Camarèse para robustez, envelhecimento, cor e acidez.

  • Counoise e Picpoul para vinosidade, frescor, agradabilidade e um bouquet especial.

  • Clairette e Bourboulenc para fineza, álcool e brilho.
Atualmente, Grenache é a referência, geralmente mesclada com Syrah e Mourvedre, mais um tanto de Cinsault, Counoise e pequenas quantidades de Clairette, Bourboulenc, Picpoul, Roussanne, Terret Noir, Picardan e Vaccarese.

Sobre o brasão:

Criado em 1937 por iniciativa do Sindicato dos Proprietários Viticultores de Chateauneuf-du-Pape, a garrafa com o brasão é o símbolo da AOC e fonte de orgulho para suas vinícolas.

Na época, sentiu-se a necessidade de se diferenciar os vinhos dos proprietários de Châteauneuf-du-Pape do resto da produção comercializada.  Assim, além de indicar que os produtos respondem às normas de produção da AOC, também garante que o vinho tem a qualidade dos produtores selecionados.

Esses produtores devem ser membros da Federação dos Sindicatos de Produtores, com quem mantêm um contrato de licença de utilização da marca.
O brasão é uma representação estilizada de uma coroa papal protegida pelas chaves de São Pedro, envolto pela inscrição "Châteauneuf-du-Pape Contrôlé" em letras góticas. Trata-se de uma marca registrada e protegida internacionalmente.

A Federação dos Sindicatos de Produtores de Chateauneuf-du-Pape é responsável por garantir o respeito às regras de uso da marca, sua proteção e promoção.  A garrafa com o brasão está disponível em 750ml, magnum (1,5l) e, desde 2003, jéroboam (3l).

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