terça-feira, 27 de setembro de 2011

Espumante, uma paixão nacional

Sábado foi dia de Rock in Rio e decidimos fazer uma "área vip premium" em casa (valeu, Multishow!) com a presença de alguns amigos ilustres.  Como toda área vip que se preze, havia diversas opções de bebida. Eu fiquei com o espumante.  Que me perdoem os vinhos, mas, com eles, eu não duraria até o Snow Patrol, acho que nem teria resistido ao Capital Inicial.  Além disso, o que mais conseguiria harmonizar com a diversidade de iguarias e acepipes servidos (de queijos variados a Doritos, passando por pães, patês, frutas secas, castanhas e embutidos)?

A opção da noite foi o Salton, bom custo/benefício para as mais de 6 horas de show.  Particularmente, sempre rendo minhas homenagens ao Valduga 130 (esperando, torcendo e rezando por uma oportunidade exclusiva de degustar o mais novo lançamento da Casa, o Maria Valduga) e os excelentes Cave Geisse (em Brasília, vendidos na Portofino)

Nas palavras de Hugh Johnson, o Brasil tem feito "some decent sparkles".

Degustação na Cave Geisse em Pinto Bandeira
Sr. Juarez Valduga sabreando durante a última vindimia de 2011
Espumantes em fermentação na Casa Valduga
Minha paixão por espumantes foi despertada pelo livro "Champanhe", de Don & Petie Kladstrup, mesmos autores do conhecido "Vinho & Guerra".  O livro é uma história fascinante de superações, resistência e coragem, além de ser recheado de heroínas (Madame Clicquot e Madame Pommery como alguns exemplos) que conseguiram transformar suas maisons no que são hoje e elevar constantemente o status da bebida, a mais sofisticada e rainha das celebrações.

O champanhe, contudo, não precisa se restringir a seu caráter festivo.  Concordo com Lily Bolinger para quem sempre há motivos para se abrir uma garrafa (veja sua frase célebre em meu post aqui).  Afinal, o champanhe ou o espumante é a única bebida que vai bem desde o café da manhã até a madrugada!
Pommery, em Reims
Destaco ainda a frase proferida por Dom Pérignon ao provar champanhe pela primeira vez: "Estou bebendo estrelas!".  Segundo o livro, nada disso é verdade, mas, para mim, faz sentido.  A bebida tem o brilho do sol e todas aquelas bolhas pequenas, incansáveis e duradouras me lembram mesmo uma constelação.

Do livro, vale a pena contar a história do nome Moët.  Claude Moët, que decidiu se dedicar exclusivamente à produção de champanhe em uma época em que de 20% a 90% das garrafas estouravam anualmente, herdou sua determinação de seu ancestral holandês chamado LeClerc.  Le Clerc lutou ao lado de Joana d'Arc em 1429 e ajudou a manter os ingleses afastados para que Carlos VII pudesse ser coroado na catedral de Reims.  À frente do exército, LeClerc gritava: "Het moet zoo zijn" ("Tem que ser assim") enquanto a Virgem de Orléans conduzia Carlos até a igreja.  LeClerc foi ricamente recompensado pelo rei, que o deu um novo nome: Moët, em homenagem à sua determinação.

Claude, em pouco tempo, se tornou um dos poucos comerciantes de vinho reconhecidos pela corte real. Em 1750, apesar das garrafas quebradas, ele produzia 50 mil garrafas de champanhe por ano em uma região que nunca havia produzido mais de 300 mil. Por fim, sua bebida caiu nas graças de ninguém menos que Madame Pompadour que, achando que o "champanhe é o único vinho que deixa uma mulher bela depois de o beber", garantiu que a bebida fosse servida em todas as ocasiões importantes na corte de Luís XV.
Cave da Moët & Chandon em Epernay

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