domingo, 11 de dezembro de 2011

Meursault Charmes 2000

Hoje decidimos abrir uma das inúmeras garrafas que trouxemos da viagem e a escolhida foi um Meursault Charmes da safra de 2000.   Só mesmo esses brancos da Borgonha para resistirem tanto tempo. Após 11 anos, o vinho estava excelente e com capacidade de envelhecer por outros 11.

Meursault 2000

O vinho foi comprado em nossa visita à Patriarche Père et Fils, uma sugestão do Prof. Juan Verdésio, instrutor da ABS Brasília, a qual recomendo a todos que passarem por Beaune, na Borgonha.  É a maior cave subterrânea, com 5 km de galerias do século XII e, durante a visita, com vídeos interativos que te guiam pelo caminho, é permitido degustar todos os vinhos produzidos pela Maison.  Se não fosse um grupo de jovens bêbados britânicos bem na nossa frente, teríamos degustado mais (sempre que chegávamos ao barril, a garrafa estava vazia...).

Maison Patriarche Père et Fils

A Maison Patriarche existe desde 1780, é bastante conhecida, mas não está relacionada entre os melhores produtores segundo os especialistas Clive Coates e Hugh Johnson.  A visita saiu por 10 euros e o melhor é que serve como uma introdução à Borgonha já que podemos conhecer um pouco das características de vinhos de praticamente cada um dos crus borgonheses.

Maison Patriarche


Nas caves da Patriarche, podemos encontrar garrafas desde as mais prestigiadas como Montrachet, Meursault, Pommard e Nuits Saint Georges até as mais simples como Beaune, e de safras tão antigas quanto 1929.
Safras antigas na Maison Patriarche

E garrafas que só serão abertas em 2094, após 100 anos de envelhecimento!

Safra 1994 que será aberta até 2094

Meursault é um dos meus brancos preferidos (junto com quase todos os brancos da Borgonha) e Charmes é um dos mais bem conceituados Premier Crus, junto com Les Perrières (o melhor) e Les Genevrières.  Meursault conta com mais de 100 produtores e cerca de 30 premier crus, então só mesmo bebendo para saber quais te agradam!

Os brancos de Meursault são considerados como sendo os mais encorpados e untuosos brancos da Borgonha, com aromas característicos de pão tostado, mel, caramelo e manteiga.  Com o tempo se tornam ainda mais encorpados e agradáveis, com aromas que evoluem para marmelo e damasco seco.  Pêssegos maduros e avelãs também são característicos.  A acidez é essencial para equilibrar a untuosidade.

Os Premiers Crus cobrem 133,88 hectares e produzem cerca de 4.100 hectolitros/ano de vinho branco e 75 hectolitros de tintos.  Na prática, apenas os climats perto de Volnay têm plantações de Pinot Noir. O Premier Cru Les Santenots é um dos que produzem também tintos, mas se assim forem, são denominados Volnay.  Ah, a Borgonha...

A denominação está ao sul de Beaune, na área conhecida como Côte des Blancs e Charmes está ainda mais ao sul da denominação.  Alguns dizem que o nome deriva das árvores "charmes" (faia, em português) que cresciam na região, outros dizem que vem da palavra que descreveria o vinhedo fácil de trabalhar, com boa exposição solar, inclinações suaves e vista agradável do vale.  Outros ainda dizem se tratar simplesmente do charme de seus vinhos.

Charmes tem 31,12 hectares, maior que os outros dois melhores premier crus mencionados, e produz vinhos interessantes, intensos, harmoniosos e elegantes, com caráter floral e notas de pêssego, e, nas palavras de Clive Coates, "delicately nutty, gently honeyed".

Meursault Charmes 2000

Sobre o vinho:

Uva: Chardonnay
Safra: 2000*
AOC: Meursault Charmes Premier Cru
Solo: calcário e argila
Guarda: 8 a 25 anos
O vinho é amarelo dourado, com nariz concentrado e elegante, ressaltando aromas de avelãs, pão, frutas secas e mel. Em boca é tão refinado quanto, untuoso, sedoso e equilibrado.  Final longo e persistente de avelãs e brioche.
*A safra de 2000 foi muito boa e com melhor acidez que a de 1999, destacando as notas de frutas e flores.

Harmonizamos com um risoto de trufas, que, a princípio não seria a harmonização mais indicada para um Meursaul, mas, na minha humilde opinião, deu certo!

Foto não legal de um risotto de trufas

Um comentário:

  1. Sabrina:
    Obrigado por me mencionar. Pena que os ingleses os atrapalharam na degustação. Teria sido melhor pegar a degustação mais cara com hora marcada Nessa teriam experimentado os crus e explicações bem mais interessantes. De todas maneiras acho que vale visitar o local mesmo sem beber vinho. É um lugar mágico. Eles tem também um Marc de bourgogne (aguardente tipo bagaceira da região) que é muito boa e os Creme de Cassis também excelentes. Os vinhos comuns são comuns mesmo, mas a 10 euros na Borgogna o que você pode pedir?

    O risoto foi na Itália? Onde é esse Restaurant Olive?

    Sobre o custo Barsil: em recente excursão da ABS teve um jantar no Paul Bocuse. Pediram uma entrada e dividiram um prato que é para 2 ou 4 pessoas tradição da casa Volaille de Bresse en vessie "Mère Fillioux". Acompanhado por um grand cru. Pagaram o mesmo que pagariam, por exemplo, no Gero de Brasília, que não tem chef de plantão e só tem o nome, com um vinho dos mais baratos.
    Outra: comprar uma casa na Provence pequena reformada e restaurada para feiras está mais barato do que comprar uma kitchenete no CA do Lago Norte. Enão é culpa da crise atual européia. Vai ficar ainda mais barato.

    Juan José Verdesio

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