quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Barolo Moderno

No último post falei sobre o exuberante Rinaldi, um Barolo clássico, tradicional.  Hoje foi a vez do Gaja Dagromis, um Barolo do renomadíssimo produtor Angelo Gaja, mas de sua linha mais comercial - a única que cabe no meu bolso. 


A história de Gaja personifica o eterno duelo tradicionalista x modernistas nos vinhos italianos.  Bastante criticado no início, sua reputação evoluiu bastante com o passar dos anos e sua vinícola atingiu o posto de uma das melhores da Itália. 

Os produtores modernos, diferente dos tradicionais, defendem a utilização de castas internacionais e o uso de pequenas barricas de carvalho. Apesar de ser considerado modernista, Gaja ainda fermenta seus vinhos por ate 30 dias (a pressa moderna permite fermentações de 5 dias) e utiliza barricas novas de forma moderada (apenas 1/3 no primeiro ano de envelhecimento, partindo para os grandes barris de carvalho esloveno no segundo ano). 

Reconhecido por seus Barbarescos, Gaja lançou seu primeiro Barolo Sperss em 1992, apenas após ter comprado sua propriedade de 28 hectares na região em 1988.  Suas outras propriedades incluem: Pieve Santa Restituta em Montalcino (1994), Gromis em La Morra, utilizada principalemente para a produção do Barolo Conteisa Cerequio (1995) e a famosa Ca'Marcanda, em Bolgheri, Toscana (1996). 

Outros produtores modernos no Piemonte são Renato Ratti e Aldo Conterno.  Giuseppe Rinaldi e Bruno Giacosa ainda estão do lado tradicionalista.


Sobre o vinho:


Gaja Barolo Dagromis 2006 – Um vinho extraordinário, redondo, muito macio, equilibrado, encorpado, tânico.  Aromas de frutas vermelhas maduras, especiarias, alcaçuz e notas de madeira.  Envelhecido por 12 meses em barrica e outros 12 em grandes barris de carvalho, tem guarda de até 10 anos e foi merecedor de 92 pontos RP.

Gaja Dagromis Barolo 2006


O vinho combina uvas do vinhedo Gromis com as provenientes de Serralunga. Os dois vinhedos possuem solo de gesso calcário e estão entre 300 e 450 metros acima do nível do mar. O primeiro dá elegância, o segundo, estrutura.


Posso estar completamente enganada e demonstrar meu pouquíssimo conhecimento sobre vinhos, mas, apesar de ter considerado um vinho excelente, tive impressões similares a de estar tomando um excelente Malbec argentino (que adoro), por exemplo.  

Talvez eu não devesse comparar vinhos de níveis de qualidade diferentes (o Brunate-Le Coste é um dos únicos dois Barolos produzidos por Rinaldi e o Dagromis é apenas a linha comercial de Gaja, como mencionei - o primeiro 60 euros e o segundo, 45), não sei, mas, pelo menos em relação a vinhos italianos, estou me descobrindo uma tradicionalista...

2 comentários:

  1. Otimo texto... Eu curto muito barolo, mas pelo lado modernista tambem, trouxe dagromis e renato ratti de uma viagem recente, e o marchesi di barolo...sensacional...

    Saude,
    Sergio.

    ResponderExcluir
  2. Me arrependi de não ter trazido umas garrafas a mais, também adoro Barolos e é tão difícil beber por aqui...

    ResponderExcluir