terça-feira, 1 de novembro de 2011

Domaine des Malandes

Por sugestão de Clive Coates em seu livro "Wines from Burgundy", marquei uma visita ao Domaine des Malandes, mas chegando lá nos deparamos com os portões fechados! Também pudera: era sábado, final do dia.  Qual foi nossa surpresa ao percebermos que a senhora que nos atendeu ao telefone e se prontificou a sair de casa e nos receber era ninguém menos que a Senhora Lyne Marchive, a proprietária, que nos guiou por toda a degustação com toda a desenvoltura de uma produtora e a paciência de uma professora, fazendo valer cada minuto da visita.

Sobre o Domaine, trata-se de um pequeno produtor que une a tradição familiar (família Tremblays de Chablis) com a tecnologia moderna a fim de alcançar a melhor qualidade, prezando pela tipicidade do terroir.  No comando da vinícola desde 1972, a Senhora Marchive, de seus cerca de 27 hectares, tem produzido pouco mais de 200 mil garrafas, das quais a maior parte é da denominação Chablis.  Seus vinhos têm sido muito bem avaliados e muito se fala da qualidade dos vinhedos, que somado ao toque feminino na produção, tem resultado em vinhos finos e elegantes.  Viva a França e suas vigneronnes renomadas!

Madame Marchive e seus tonéis coloridos


À degustação:

Provamos um Chablis 2010, um Premier Cru Côte de Léchet 2010, outro Premier Cru Vau de Vey 2009, um Grand Cru Vaudésir 2009 e outro Grand Cru Les Clos 2010.  Todos muito bem feitos, equilibrados e com a tipicidade dos vinhos de Chablis.  Talvez pela idade (sim, esses brancos têm guarda de até 10 anos), os que mais me agradaram foram o Vau de Vey e o Vaudésir.

O primeiro tem aromas florais, boa acidez e muita mineralidade, com bom corpo. Pelo último, tenho uma queda especial, como demonstrei no último post. O des Malandes é floral, mineral, untuoso, exuberante.  O Les Clos também me agrada muitíssimo, mas se parece mais aos brancos da Côte d'Or, mais poderosos.  O Chablis também foi uma boa supresa, um vinho leve, fresco, perfeito para acompanhar peixes e frutos do mar crus, não à tôa, um dos mais exportados para o Japão.

O Petit Chablis não estava disponível para degustação, mas a safra 2009 já levou uma medalha de ouro em Paris.


O melhor?  O custo-benefício.  Como já deveria saber e pude comprovar, os vinhos da Borgonha são caros mesmo, mesmo aqui.  Os vinhos do Domaine des Malandes têm preços mais acessíveis e, claro, compramos algumas garrafas! O Côte de Léchet por 12,50 euros, o Vaudésir por 25 e o Les Clos por 27 euros.

Apesar de exportarem 92% da produção, suas exportações para o Brasil são quase inexistentes.  Quase porque recentemente foi fechado um contrato com uma nova importadora de São Paulo que ainda nem está em pleno funcionamento.  Ou seja, em Brasília, não devem passar nem perto...

Ao final, ainda degustamos um Beaujolais 2010 Moulin à Vent da produção de seu filho, Domaine Richard Rottiers, também muito agradável, fresco e jovem, com bom corpo.

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