Vitrine de trufas em Alba |
Uma trufa branca pela bagatela de 620 euros |
Li em algum lugar que as trufas se dão bem com a névoa da Nebbiolo, em especial com o Barbaresco, e mais uma vez decidimos por harmonizar um prato típico com um vinho típico. Mas estávamos na cidade de Barolo e optamos por este. Depois de um passeio interessantíssimo pelo novo museu do vinho, já era hora do almoço.
(Um parênteses para falar do museu: moderníssimo, sensorial e surpreendente em relação a qualquer coisa que se pudesse esperar da minúscula e tradicional cidade de Barolo. Vale a visita!)
Névoa da manhã no Piemonte |
Bom, o almoço: restaurante Rosso Barolo em algum lugar no centro da cidade. Recebidos pela simpática proprietária, o almoço prometia. O meu prato: gnocco de batatas com queijo fonduta e tartufo bianco, o do André: tagliatelle al burro y tartufo bianco d'Alba. Realmente são extremamente aromáticas, especiais e merecem um prato simples para que seus aromas e sabor possam se destacar, mas não sei se valem o preço. O André, não sei porque razão, ainda conseguiu uma raspadinha a mais...
Meu prato de gnocco com tartufo bianco |
As sobremesas do restaurante também valem a visita:
Torta da Marchese (a Marquesa de Barolo) |
Biscoitos de milho para acompanhar o café |
O vinho: Giuseppe Rinaldi Barolo Brunate - Le Coste 2006. Vale quanto pesa.
Barolo é assim, potente e vigoroso, tornando todas as discussões sobre como deve ser envelhecido (a eterna briga entre tradicionalistas e modernistas) infrutíferas. De forma geral, o Barolo apresenta aromas de frutas vermelhas, com destaque para framboesa, e flores, evoluindo para tostados e notas de fumo pelo longo período de envelhecimento. Pode apresentar notas de especiarias adocicadas e macias e, geralmente, um bom Barolo apresenta notas amadeiradas de alcaçuz e tabaco, bem como musgo, cogumelos e trufas. No palato, é tânico, refletindo seu solo de origem, mais ou menos denso, mas forte e incisivo.
O vinhedo Brunate do tradicional produtor foi plantado em 1980 e tem 1,3 hectares; o Le Coste foi plantado em 1987 e tem 0,4 hectares. Além desses, Lazzarito e Vigna Rionda estão entre os crus mais renomados da região. Para os Barbarescos, considere Rabajà, Ovello e Santo Stefano.
De volta ao produtor, as uvas são colhidas manualmente em outubro, com rendimento de 65 quintals/hectare. A fermentação acontece em tanques de carvalho e o envelhecimento em barricas de carvalho esloveno por entre 30 e 36 meses, mais garrafa por 6 meses.
Notas de Degustação:
Cor vermelha rubi com reflexos granada. Aromas de frutas vermelhas, especiarias e madeira (tabaco). No palato é frutado com taninos vivos e final persistente de frutas e trufas. Ainda muito jovem, mas excelente. Esse vinho pode resisitir a até 20 anos de guarda. Se estava tão bom agora, mal posso imaginar como estará no seu auge.
Fato é que não tenho como bancar um Barolo no seu auge. Nas enotecas da cidade, um bom Barolo não sai por menos de 60 euros e não estou disposta a pagar 30 por um vinho "que ainda melhorará". No Brasil, ainda conseguimos pagar isso por vinhos muito, muito bons. Portanto, ficarei bem satisfeita em continuar a vida sem grandes Barolos (no auge), me contentanto com bons Barolos jovens (como o de hoje) e, principalmente, bons Barbarescos!
Hmmm, novamente, o belo post deu água na boca!! André, essa raspa a mais da trufa no seu prato deve ser explicada! e as raspas são generosas! belas fotos! renderiam um excelente álbum de "mets et vins", com direito a roteiro eno-grastronômico e tudo!! Massa!
ResponderExcluirPrezados,
ResponderExcluirParabéns pelo blog e, sobretudo, por esta viagem maravilhosa e deliciosa que estão fazendo! As fotos e os comentários são de encher os olhos... dá até pra sentir aquela invejazinha boa de quem gostaria de estar aí com vocês... Susana e eu somos fãs de trufas, vinho e comida boa... se ainda juntar tudo isso com uma viagem como essa de vocês, o perigo é voltar com mais um filho encomendado!! Bjos. e aproveitem por nós. André e Sú